cerâmica e vídeo // ceramics and video
em colaboração com // in collaboration with Ádila Madança e Ariramba
O solo se regenera
A cada passo da nossa
Degradação
O segredo da continuidade
Da água
É não sabermos sua fonte
Ser pedra e planta e pós
Ser tudo aquilo que sobreviverá
A nós
Pisar o pé tão forte
A ponto de
Fincar raiz
Nascer da pedra
O solo e a si
Língua líquida
Faz chover
Até nascer
Fontes
Deixar o frio derreter
Para que possamos
Nos banhar
Venenos tingem
Nos tons mais bonitos
As flores
Os trovões
Anunciam
Inundações
Descalçar os pés
Para sentir na pele
Os anSeios da terra
Natureza:
“Se você não se mover
Eu me mostro pra você”
Natureza é ciência
Debocha e escancara
Nosso osso descaber
Ádila Madança
Soil regenerates
With each step of our
Degradation
The secret of water’s
Continuity
Is our not knowing the source
To be stone and plant and then
To be everything that will outlive
Us all
Stepping so firmly
Our feet
Take root
Born from stone
The soil and the self
Liquid tongue
Makes rain
Until rivers Spring forth
Let the cold melt
So that we may
Enter the water
Poisons dye
With the prettiest tones
Flowers
Thunder
Announces
Floods
Bare your feet
And your skin will feel
Earth’s heart’s desires
Nature:
“If you don’t get a move on
I will reveal myself to you”
Nature is science
It scorns and kicks open
Our bone-idle excesses
Ádila Madança
Brilham peixes entrando e saindo de encomendas naufragadas
Brilham prismas de alga e microplástico
Brilha a gramática malemolente da simbiogênese
A música, a flauta, as histórias sempre impressas na carapaça
Isso que é carregar o próprio idioma
Entre os igarapés de cada dialeto
apenas outras bacias secretas
adubando o silêncio das perdas fluviais
A vida humana é uma crise hídrica
Entre sobreviver ao fim das florestas
e ceder ao desterro
escolherei sempre a poesia
Ariramba
Fish shine swimming in and out of shipwrecked messages
Algae and microplastic prisms shine
The bewitching grammar of symbiogenesis shines
Turtles shine beneath bled oil
Their music, flute, stories forever imprinted on their carapace
show us what it means to carry language
Between the inner waterways of dialect
only other secret basins feeding
into the silence of rivers lost
The human species is a water crisis
Between surviving the end of forests
and ceding to exile from earth
I’ll always choose poetry
Ariramba