Ataque implacável é o triunfo da vida orgânica diante do concreto efêmero da verdade urbana. É essa força verde que insiste em brotar pelas frestas, que é capaz de violar o material ferroso das tremonhas do Gasômetro.
Vivemos sob a falsa égide de um domínio sobre a natureza, a qual se expressa através da contínua racionalização dos espaços urbanos. Uma atitude de soberba diante do silvestre, do vegetal. Mas os edifícios, os objetos, as coisas insistem em se naturalizar, porque a natureza vive na ordem do caos, que rege este universo. As ruínas são o grande símbolo do triunfo do natural diante das nossas construções. Essas plantas indesejáveis contam um pouco da grande diversidade de vida que insiste em contaminar a paisagem urbana.
A instalação serve também como um epitáfio visual, imortalizando as árvores retiradas da orla do Guaíba em benefício de novas vias para automotores. Todo o material aqui exposto foi encontrado em um raio de 1,5 km da Usina.
Ataque Implacável funciona como convite a visitação de outra instalação, Corpo Presente, localizada na galeria Lunara, no quinto andar da Usina do Gasômetro, entre 1 de agosto e 14 de setembro. Juntas, as instalações discursam sobre a importância do encontro com a vida natural, seu grande poder de renovação e da necessária harmonização entre a ação urbanizadora do homem e a preservação do mundo vegetal.
ATAQUE IMPLACÁVEL, 2014
água, plantas e objetos encontrados na orla do Gasômetro
de 22 de julho a 14 de setembro de 2014, Usina do Gasômetro, Porto Alegre, Brasil