BUDA MORRO DA VARGEM, 2021

líquens e papel bambu, dimensão: 50 x 65 cm. Tiragem 8.

Os líquens litófilos que usamos neste trabalho são associações mutualísticas entre algumas espécies de fungos e algas (principalmente algas verdes e cianobactérias). A alga que a ele se associa é quase sempre unicelular e, quando isolada, muito sensível ao excesso de iluminação e aquecimento solar, como também à escassez de água. Reunidos, um e outro ficam habilitados a viver em condições que ordinariamente nem o fungo nem a alga separados poderiam resistir. 

O fungo absorve, além da escassa água que o substrato lhe fornece, a umidade do ar e os sais minerais trazidos pela poeira. A alga recebe essas duas matérias-primas e, graças à clorofila e à luz solar, absorve o gás carbônico diretamente da atmosfera e realiza a fotossíntese, que fornece o alimento orgânico indispensável a sua nutrição e à do fungo. 

Os líquens crescem em lugares e condições em que nenhum outro vegetal se desenvolve: na crosta das árvores, no solo erosionado, nas areias do deserto, nas rochas duras e lisas das montanhas de até seis mil metros de altitude, nos bordos das crateras vulcânicas e nos gelos polares. Embora apresentem crescimento extremamente lento, os liquens podem viver séculos. São, no entanto, muito sensíveis aos gases e partículas de fumaça de que o ar urbano está sempre saturado e, por isso, não são encontrados nas cidades e seus arredores. Sua ausência é sinal inequívoco de poluição atmosférica. 

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